Será o fim?

Absolvida pela ignorância, cometi a simplicidade de dizer o que sentia.Foi a minha não pretensão, o meu não julgamento. Foi o que me foi dado a viver e o caminho, o único, o que encontrei para respirar. Fiz, sem saber que a sinceridade era um atrevimento. E acho que vai ser sempre assim.

26 de janeiro.


Cinco anos de ausência. Hoje é um dia de silêncio.

Para os meus pais,,,

Vocês partiram no início de um novo ano.

Fazia muito pouco tempo que eu havia escrito uma lista cheia de desejos bons para o ano que ali começava. Lista modesta, de poucos itens – eu já tinha tudo o que queria.

Foi difícil aceitar que, nos tantos dias que viriam pela frente, ao invés de cuidar da lista, eu faria uma contagem regressiva, na torcida para que passasse logo a dor aguda. Cheguei a pensar que eu estava condenada a senti-la para sempre.

Renasci no Dudu. Meu delicioso desafio. Vida que é falta e presença. Nós e vocês. Ele mesmo. Que já nasceu traçando história. Eu sabia desde o nascimento dele que ele trazia algo novo: um milagre só dele.

Ele já tem quatorze anos. Ainda é um menino. Tem a idade da falta. Mas veio para marcar uma presença nunca sonhada. Veio para me desabrochar. Da criança que chorava à toa, tornei-me a mulher que ri de si mesma. Sou uma mulher que sorri.

Eu achava que minha dor nunca iria passar. Vieram outras. E outros desejos, sonhos, imprevistos. Vieram desafios. Sem a necessidade que vocês precisassem ir. Vocês permanecem.


Já faz quase cinco anos. A passagem de um segundo a outro nunca foi tão definitiva. O tempo agora vale mais. É absolutamente necessário que cada momento seja bom e simples. Sigo nesse exercício – que é de sabedoria, mais que de força.


Essa medida sutil do tempo é o futuro que não existe. A vida, que por ser grande é simples. Eterna e etérea. Sua ida me ensinou isso: cada batida do relógio é reveillón.


Não sei para onde escrevo, mas sei que vocês me lêem. Pois faço-lhes um pedido de ano novo, "Quando varrerem estrelas, pede para jogá-las sobre nosso telhado."

De cá, eu e o Dudu acendemos estrelinhas, na esperança de que cheguem até vocês.

Ampulheta

Por hora, emito os meus sinais.
Em pouco tempo, não mais.

Sobre o amor...

"Amar não é possuir, muito menos destruir. Amar não é usar e desprezar. Amar nao é exibir. Não. Amar é experimentar o bom e o belo. É como tocar cítara. Só se aprende tocando. E só se aprende querendo. Amar se aprende amando e querendo. Não há como impor ao outro a obrigação de amar. Há como testemunhar no silêncio feliz de uma escolha certa ou nos dizeres simples de uma vida vivida corretamente."

FELIZ 2010


Nunca a vida foi tão atual como hoje: por um triz, é o futuro. (Clarice Lispector)