Texto do Caio F.
Sabe, pertencer a alguém não é nada fácil, pois é preciso muita entrega. Você nunca vai ser de verdade de alguém se não se doar por completo, porque as pessoas são assim, amigo, elas querem só se for inteiro, ninguém gosta de metades. Somos todos assim. Pertencer também é arriscado, vai que você se entrega para uma pessoa e ela não é a pessoa certa por mais que você ache que é. Pertencer machuca quando você erra. Entenda melhor então: pertencer é uma ponte que você se joga de cima, de cara, com tudo, de uma vez, sem medo. Se alguém estiver lá embaixo te esperando, é porque você pertence, é porque você conseguiu. Deu pra entender? Pertencer é como vida ou morte, cara. E quando alguém não pertence a ninguém, essa é a morte.
Ex é para sempre.
Em algum momento vocês vão se encontrar. Seja no meio de qualquer canto da cidade ou curtindo um mesmo status no Facebook. Não importa quem terminou ou porque terminaram. O fato, é que aquela pessoa que participava da sua vida na mesma frequência que você calçava chinelos, não existe mais no seu dia-a-dia e anda solta por aí. De amigo íntimo de todas as suas cores de calcinha, de repente, aquele cara se transformou num estranho fora do ninho. E o pior: ele já está construindo um ninho novo, que pode estar em qualquer canto do planeta terra. Existe a possibilidade dele surgir no meio da rua trocando de calçada ou esbarrando em você no corredor do shopping. Encare: enquanto não diminuem os preços de passagens para marte, é inevitável, você e seu ex podem se ver qualquer dia desses.
O que esqueceram de te contar é que o mais difícil não é o o término, é o pós termino. O mais difícil não é aquele primeiro momento que você fica sem. É ver algo que te pertenceu, dias, meses ou até anos depois, andando por aí, como se o passado não existisse, como se ele não soubesse mínimos detalhes bobos sobre a sua personalidade. Como por exemplo, que você odeia catupiry. A gente não sabe se um estranho gosta de coxinha com ou sem catupiry. Mas se ele tem uma memória boa, ele sabe isso de você. Então é mais ou menos isso: você virou uma estranha muito conhecida. E ele também.
Você vai ter que cumprimentar, sorrir, dar dois beijinhos (evitem isso, vai que acontece um lapso de “onde eu beijo mesmo?”), dizer que está ótima – mesmo que não esteja – e em caos extremos, caso der de cara com figura na farmácia, se esconder atrás da prateleira de absorventes. O reencontro, que você imaginou por meses como seria, provavelmente sairá de uma forma totalmente diferente. É que momentos constrangedores, estranhos e que nos fazem agir como robôs, nunca saem como o planejado. Namorado é passageiro, ex é para sempre. Então, por via das dúvidas, não me esqueço de sair de casa com um pouco de blush. Vai que, né?
Uma mulher não se sente amada no momento em que o homem a proporciona uma noite de amor apenas... Mas sobretudo no momento em que se sentam à mesa de um restaurante, e sem que ela diga nada ele lhe pede o prato favorito. Amar é descobrir os gostos, os sabores particulares, os desejos mais ocultos.
O queixo apreensivo de quem pede um amor todo dia.