Mentiras sinceras


As mesmas desculpas espontâneas para todos os fins. Mentiras sinceras, eu diria – mas ainda assim, mentiras. As pessoas se separam por não suportarem mais a possibilidade cada vez mais viva de acabarem infelizes, de mãos dadas num beco sem saída, presas por motivo nenhum.  Elas só demoram para entender isso.
Quanto a você. Eu ainda vou continuar pensando em você pelos próximos dias, como se mais um término com o milésimo cara estranho que conheço fosse outro sinal acendendo entre nós dois para uma mudança. Sete números no visor de um celular, cursor piscando na caixa de texto do seu endereço de e-mail, não sei como começar. Expectativas insanas, let it be. Porque a única coisa que aprendi te amando sem pensar foi que ainda valeria a pena – esse é o perigo. Às vezes eu imagino como você se sente, mora, come, trabalha e anda pela rua. Te procuro nas imagens embaçadas que tenho das nossas mãos e pés juntos embaixo de lençóis grandes de casal, mas não sou mais capaz de encontrar o fio da meada. Você é meu em algum lugar em que eu estive, mas nunca mais consegui voltar.

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